História Completa

A ideia da fundação da Federação Brasileira de Gastroenterologia surgiu com Geraldo Siffert, em 1949, quando se organiza o I Congresso Brasileiro de Gastroenterologia (denominado “jornada”), que se desejava ser um certame nacional.

A instituição uniu as três sociedades de Gastroenterologia existentes no Brasil, a saber a Brasileira do Rio de Janeiro, e de São Paulo e a de Minas Gerais, então presididas, respectivamente, pelos Profs. A. da Silva Mello, Benedito Montenegro e J. Romeu Cançado. Foram os precursores e incentivadores da idéia da união, estudaram o anteprojeto de Geraldo Siffert e enviaram ao I Congresso Brasileiro de Gastroenterologia – que ocorreu no Rio de Janeiro de 18 a 22 de outubro de 1949 – representantes credenciados pelas três entidades.

Pela primeira vez, no Brasil, foram postos em execução métodos disciplinadores de Congressos. Com efeito, a FBG contribuiu de maneira decisiva na implantação desse funcionamento ordenado de reuniões, que repercutiu em todo o nosso meio médico. Desde o I Congresso e suas reuniões no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais, a FBG fixou normas definidas, tanto para as discussões em grupo (mesas-redondas ou simpósios), como para a apresentação de trabalhos às sessões plenárias, com absoluta obediência aos prazos pré-fixados.

Proibindo os diálogos e forçando os interpeladores a formular suas questões por escrito, foram restringidos os comentários sem responsabilidade com as discussões estéreis.

Por outro lado, adotando-se os inquéritos regionais de âmbito nacional, criou-se um eficaz instrumento para se proceder ao levantamento, em análises, de assuntos de interesse científico. Após um ano de trabalho, de outubro de 1949 a outubro de 1950, com as reuniões do I Congresso Brasileiro de Gastroenterologia do Rio de Janeiro e as reuniões complementares em São Paulo, em Minas Gerais e novamente no Rio de Janeiro, era geral o entusiasmo pela FBG.

Em outubro de 1950, realizou-se o II Congresso Brasileiro de Gastroenterologia e Nutrição, em Belo Horizonte. Foi Secretário-geral do certame o Prof. J. Romeu Cançado, Presidente da Federação local. A ele cabe o título de consolidador da Federação. As reuniões do conclave foram organizadas com método e perfeição e nele foi designada a Sociedade de São Paulo como sede do III Congresso e indicado o seu presidente, o Prof. Cintra do Prado, para Secretário-geral.

Nessa ocasião, o estatuto da FBG foi aprovado definitivamente, sendo registrado em cartório competente. No fim do congresso, empossou-se o Prof. Cintra do Prado como presidente da FBG, pois por disposição estatuária, o Secretário-geral do Congresso fica automaticamente indicado para a presidência da FBG, até a realização do congresso seguinte.

Contando um pouco da História

Paralelamente a esse trabalho de consolidação da FBG, coube a seu Secretário-geral, Prof. Siffert, promover a criação de núcleos de estudo da especialidade nos diversos centros médicos do País.

De seu fecundo trabalho começam a surgir, a partir de outubro de 1949, as novas entidades federadas; a Sociedade Fluminense em Campos, graças aos esforços conjugados de Plínio Bacelar da Silva, Paulo de Miranda Carneiro, Geraldo Venâncio, Jacinto Simões, Paes da Cunha e Jaime Faria.

Depois, no Recife, a Sociedade Pernambucana, obra do sempre lembrado mestre Hoel Sette, ajudado por Rui João Marques, Luís Inácio e Joaquim Cavalcanti. Em seguida constituiu-se a Sociedade do Rio Grande do Sul, criada por Manuel Loforte Gonçalves, Geraldo Escosteguy e Ernesto Liopart Castro.

Enquanto isso, Afonso Rodrigues Filho, Armando Morelli e Paulo Azevedo criaram, em Belém, a Sociedade Paraense. Não demorou muito e Guilardo Martins, Antônio Dias e Humberto Nóbrega lançavam as bases da Sociedade da Paraíba. Depois, Simão Carneiro de Mendonça e Joffre M. Rezende fundavam a Sociedade Goiana, enquanto, em Fortaleza, Rômulo Teófilo, Luiz Alberto Meirelles, Plácido Teixeira, J. Pierre Filho e J. B. de Paula Pessoa, criavam a Sociedade Cearense.

Em Londrina, Jonas de Faria de Castro e Emílio Fialho são os fundadores da Sociedade do Paraná. O capítulo de Brasília, germe da atual Sociedade de Gastroenterologia, foi fundado em 197, sendo a Sociedade oficialmente instalada em 1967. O Capítulo de Rio Grande do Norte foi reestruturado e Ximenes Netto trabalha para torná-lo uma federação autônoma, pois como Capítulo da Sociedade da Paraíba já existe desde 1962. Os colegas de Santa Catarina também se movimentam com idêntica intenção.

Enquanto se consolidava a Federação Brasileira de Gastroenterologia, em julho de 1950, realizou-se no Rio de Janeiro e em São Paulo, a II Jornada Panamericana de Gastroenterologia, tendo como tema central a patologia do intestino delgado incluindo tumores e úlcera do duodeno. Foram seus promotores na Comissão Organizadora: A. da Silva Mello, A. Saint Pastous de Freitas, Benedito Montenegro, Edmundo Vasconcelos, F. Cintra do Prado, Geraldo Siffert, Jairo de Almeida Ramos, Nino Marsiaj e Waldemar Berardinelli.

A Comissão Executiva estava assim constituída: Presidente – Benedito Montenegro; Vice- presidentes – A. da Silva Mello, A. Saint Pastous de Freitas e J. de Almeida Ramos; Secretário-geral – J. Fernando Pontes ; Secretários – Geraldo Siffert, Nono Marsiaj e W. Bonfim Pontes; Tesoureiro – F. Cintra do Prado.

O certame reuniu 18 relatórios e 15 comunicações de autores brasileiros, argentinos e uruguaianos. Foi publicado um volume de Anais, com 504 páginas, contendo toda a contribuição trazida. Essa reunião, sob os auspícios de Associação Interamericana de Gastroenterologia, contava com os mesmos elementos que procuravam consolidar a FBG.

Em maio de 1952, realizou-se a III Jornada Panamericana de Gastroenterologia, no México.

Nessa ocasião, sob a presidência de Cintra do Prado, a FBG enviou sua primeira representação para o exterior, constituída de brilhante delegação. Em julho de 1952, realizou-se o IV Congresso Brasileiro de Gastroenterologia, promovido pela Sociedade Pernambucana, então presidia pelo Prof. Hoel Sette. Como complemento desse certame, em outubro de 1952, promoveu a FBG, em cooperação com a Sociedade de São Paulo, a grande reunião sobre esquistossomose, à qual compareceram as maiores autoridades nacionais.

Essa reunião contou com o prestígio apoio do Sr. Governador do Estado, Prof. Francisco Antônio Cardoso. Todos os debates foram transcritos em um volume de 187 páginas, publicado sob os auspícios do Governo de São Paulo, salientando-se a gravidade e a extensão da doença do Nordeste do País e, na época, a ameaça de sua propagação aos trabalhadores. Os vinte relatórios, sob os aspectos mais diversos do tema e feitos pelas maiores autoridades no assunto, constituem uma valiosa contribuição ao estudo da parasitose.

Em março de 1953, a FBG realizou seu V Congresso, em Petrópolis, sob o patrocínio da Sociedade Fluminense, estando na presidência Plínio Bacelar da Silva. Por ocasião desse certame, foi publicado o primeiro Ementário da FBG, documentado os seus cinco anos de existência. Em julho de 1954, por ocasião do IV Centenário da cidade de São Paulo, foram realizados o IV Congresso Panamericano de Gastroenterologia e o VI Congresso Brasileiro de Gastroenterologia, respectivamente da Associação Interamericana e da FBG.

A comissão Executiva desses Congressos estava assim constituída: Presidente – Prof. Benedito Montenegro; Vice-presidentes – Profs. Mário Degni e Plínio Bacelar da Silva; Secretário-geral – Prof. F. Cintra do Prado; Secretários – Profs. Geraldo Siffert e J. Fernandes Pontes; e Tesoureiro – Plínio Bove. Compareceram centenas de especialistas, em demonstração inequívoca de interesse pelos assuntos da gastroenterologia.

O tema central dos Congressos foi “úlcera péptica”. Simpósios, mesas-redondas, conferências e relatórios foram enfeixados, também, em um volume de 411 páginas, publicado como número especial da Revista Brasileira de Gastroenterologia (volume 6, nov-dez, 1954). Esse volume, se tornou uma contribuição fundamental ao problema de úlcera péptica, devido à autoridade dos especialistas nacionais e estrangeiros que nele colaboraram.

A partir de 1955, os congressos se repetiram, anualmente, até 1970, quando passaram a se realizar a cada dois anos, em várias sedes de Federadas, cumprindo um vasto programa com mesas-redondas, simpósios, inquéritos nacionais e regionais, conferências, cursos de atualização, colóquios e sessões plenárias de temas livres. São relacionados, a seguir, datas e locais de eventos, bem como os nomes dos presidentes da FBG.

A partir de 1994, na gestão de Osvaldo Malafaia, os Congressos de Gastroenterologia, de Endoscopia Digestiva e de Cirurgia Digestiva ocorreram na semana Brasileira do Aparelho Digestivo, sendo a primeira realizada em Porto Alegre (RS), entre 20 e 23 de novembro de 1994, com o XXXIII Congresso Brasileiro de Gastroenterologia.

No ano de 1986, em virtude, da ocorrência do VII Congresso Mundial de Gastroenterologia, organizado por Agostinho Bettarello, em São Paulo, não houve o Congresso Brasileiro de Gastroenterologia. O Dr. Francisco Eustácio Vieira foi escolhido Presidente da FBG para o Biênio 1986-1988.

A II Semana (XXXIV Congresso) realizou-se em Goiânia, Goiás, sendo Renato Dani o Presidente da FBG (1994-96).

O XXXV Congresso, associado à III Semana do Aparelho Digestivo, teve lugar em outubro de 1998, em Salvador, Bahia, estando a Presidência da FBG com Luiz Guilherme de Costa Lyra (1996-98).

O XXXVI Congresso Brasileiro de Gastroenterologia e a IV Semana do Aparelho Digestivo serão realizados em Foz do Iguaçu, Paraná, entre 8 e 12 de outubro de 2000, sob a presidência de Waldomiro Dantas (1998-2000).

O título de Especialista em Gastroenterologia foi instituído, em 1957, com a assinatura de convênio entre a FBG e a AMB, com duração de dois anos. Não houve renovação e, em Agosto de 1965, estabeleceu-se outro convênio com duração ilimitada. Foi criada a Comissão do TEG, constituída por seis membros, eleitos pelo Conselho Diretor, havendo, a cada dois anos, renovação de um terço dos seus membros.

Durante os seus sessenta e um anos de existência, a FBG cresceu e se consolidou. Faz parte da Associação Interamericana de Gastroenterologia e da Organização Mundial de Gastroenterologia. Reúne, atualmente, Sociedades de Gastroenterologia, em 23 Estados, com 5 mil associados. Participa intensamente das atividades científicas a associativas, realizando um Congresso anuais, com Curso de Atualização Pré-congresso, no qual resulta um livro com os temas apresentados. Edita, com a SOBED, SBMD, CBCD e a SBH, uma revista trimestral – GED e a Arquivos de Gastroenterologia duas conceituadas revistas de comunicação científica, e um boletim informativo trimestral – O Jornal da FBG (antigo GASTREN). Promove, anualmente, em média, dez Cursos de Atualização, que são ministrados por eminentes professores, em diferentes cidades do País.

Geraldo Siffert, Silva Mello, Romeu Cançado, Benedito Montenegro, Cintra do Prado e João Galizzi, inspirados no ideal associativo, foram os precursores e incentivadores da criação da Federação. Foram seguidos por grande número de entusiastas, como Hoel Sette, Plínio Bacelar, Edmundo Paula Pinto, Carvalho Luz, Plínio Bove, Joffre Rezende, Geraldo Milton da Silveira, Haroldo Juaçaba, Jonas Farias, Olegário Cantarelli, Nereu de Almeida Júnior, Figueiredo Mendes, Jorge Pereira Lima, Mário Ramos de Oliveira, Laurentys Medeiros, Agostinho Bettarello, Eustácio Vieira, Luiz de Paula Castro e muitos outros.

A eles, juntou-se uma plêiade de especialistas, interessados na pesquisa e na divulgação do conhecimento, que contribui decisivamente para o bom conceito e o excelente desempenho dos Gastroenterologistas brasileiros.

Projeto Futuro FBG